quinta-feira, 20 de outubro de 2011

É Cannabis, mas só faz o bem


O cânhamo é uma fibra natural da planta cannabis sativa, especificamente cultivada para produzir fibras longas. Ele pode ser cultivado para fins industriais e serve como matéria-prima natural para produção de cordas, roupas e papel.
Nenhuma outra planta foi tão mal compreendida e julgada quanto o cânhamo. As pessoas falham no julgamento e a confundem com a maconha. O que difere as duas plantas são os níveis do composto psicótico tetrahidrocanabinol (THC), fortemente presente na maconha e praticamente inexistente no cânhamo. O que significa que não daria para ficar “chapado” fazendo uso do cânhamo industrial.
O cannabis sativa é muito parecido com o linho. Nos dois as fibras estão localizadas na haste da planta. As fibras são algo parecido com os fios que você vê na haste do aipo (também conhecido como salsão): longos, fibrosos e duros. Para obtê-las é preciso separar a casca seca da madeira. As fibras tendem a ser mais ásperas do que o algodão ou a lã, que são macias e suaves, é possível limpá-las, torcê-las e criar fios que são ótimos para fazer roupas macias, mas não tão resistentes como o cânhamo, por isso ele é ótima fibra para cordas.
Já que o assunto do momento é ser “ambientalmente correto”, essa fibra é umas das que menos prejudicam o meio ambiente em sua cultivação. O biólogo Anselmo Azevedo explica que: “a cultura do algodão é extremamente dependente de agroquímicos. Existem dados de que 25% dos agrotóxicos usados no mundo vão para a cultura do algodão. O cânhamo, por outro lado, é uma erva daninha e é possível cultivá-lo com muito menos fertilizantes e pesticidas”.
Na maioria dos países no qual a cultura do é permitida, o cultivo tende a ter o limite de um hectare por propriedade, equivalente a um campo de futebol, isso faz com que o cultivo seja realizado principalmente por pequenos produtores, geralmente agricultura familiar. Esses produtores adotam modelos de cultivo menos agressivos ao meio ambiente.
Mas não é só nisso que o “primo da maconha” ajuda o meio ambiente não. Ao ser usado para fazer papel e outros materiais, as florestas sofrem menos desmatamento. Porque ele cresce bem mais rápido e de maneira mais densa do que as árvores e produz cerca de quatro vezes mais papel que o eucalipto. “Assim como o algodão, o eucalipto é uma cultura que destrói o solo”, complementa o biólogo.

E dá para vestir o Cânhamo
Outra das utilidades da fibra do cânhamo é no setor têxtil. Por ter uma fibra mais longa e mais forte que o algodão, o cânhamo é uma ótima alternativa na produção de roupas, pois dura de quatro á cinco vezes mais, podendo ser lavada e mantendo-se nova.
A professora de Moda do Ceusnp, Celina Fávero, acredita que a durabilidade da fibra é algo a se levar em conta: “considerando que os consumidores hoje em dia, cada vez mais esclarecidos, estão se preocupando mais com o rápido descarte dos produtos de moda, pode-se dizer que utilizar o cânhamo é muito viável”.
Mais um benefício desse tipo de tecido é que ele absorve o calor e se adapta ao ambiente, por exemplo, quando está mais frio, o ar que fica preso nas suas fibras é esquentado pelo calor do corpo, mantendo a roupa quente.
No exterior, o cânhamo já ficou conhecido como a "super-fibra" e é usada por diversas empresas de peso como Calvin Klein, Ralph Lauren, Giorgio Armani e The Body Shop. O estilista Ralph Lauren revelou que tem usado a fibra de cânhamo em segredo em suas linhas de roupas desde 1984. E Calvin Klein disse em entrevista para o New York Times em 1995: “Acredito que o cânhamo vai se tornar a fibra preferida tanto no mobiliário de casa como na indústria de moda”.
A Adidas é uma das marcas mais conhecidas que utiliza o cânhamo. No Brasil, durante os anos 90, o tênis Adidas Hemp foi moda, justamente porque era "bacana" usar um tênis feito de cannabis. E mesmo o cânhamo sendo dessa família, segundo Celina, não há preconceito em relação á isso. “É sabido que o teor de THC das fibras utilizadas pela indústria têxtil, mesmo pertencendo à família Cannabis, é baixo. O que impede a utilização em larga escala desta fibra que possui tantas qualidades encontra-se justamente na legislação de muitos países que limitam ou impedem a sua produção”.
No Brasil, infelizmente, a planta é enquadrada no mesmo artigo criminal que uma droga e, portanto, deve ser combatida. Com isso, a economia do país perde uma renda muito grande pois, não só mais resistente que as outras culturas, o cânhamo pode se desdobrar em muitos produtos diferentes, os quais poderiam substituir outros que já estão no mercado poluindo o meio ambiente. “Além de ecologicamente correta, a fibra do cânhamo é barata e de fácil extração”, explica Anselmo.
Ou seja, para termos um produto brasileiro feito da tão benéfica planta, teremos que esperar a cultivação ser liberada por aqui. Enquanto isso, continuamos nos aquecendo com o cannabis sativa importado e pra você que não o conhecia, fica a dica de algo que pode ser uma boa pedida.

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