quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Sete de setembro, data tão festiva...

7 de setembro é o 250º dia do ano. Faltam 115 para acabar o ano. E também é o dia que foi declarado a Independência do Brasil em relação ao domínio de Portugal. Mas tenho certeza que muitos deram mais importância para os dias que faltam para o término do ano. 
O que foi a Independência acredito que todos devem saber, aos que não sabem tem o link com essa informação na saudosa Wikipédia, o que poucos sabem é que nesse mesmo dia 7 de setembro ocorre uma movimentação paralela que se denomina o Grito dos Excluídos. 
O Grito dos Excluídos surgiu oficialmente em 1995, como alternativa para aqueles que se mostram contrários ao modelo político e econômico que, ao mesmo tempo, concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social e querem tornar público, nas ruas e praças, o rosto desfigurado dos grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria e da fome. Propondo caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal, de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com a participação ampla de todos os cidadãos. As atividades são as mais variadas: atos públicos, romarias, celebrações especiais, seminários e cursos de reflexão, blocos na rua, caminhadas, teatro, música, dança, feiras de economia solidária, acampamentos – e se estendem por todo o território nacional e não fixa residência apenas por aqui. A articulação tem um caráter de reivindicação da cultura da América Latina como um todo e um forte apelo para desmascarar a idéia de "independência" afinal vários países sofreram com a colonização, se não a portuguesa, a espanhola e mesmo após proclamarem a independência ainda sofreram com o imperialismo inglês ou mesmo o americano.
O movimento gira em torno da Semana da Pátria do dia 1 a 7 de setembro, sendo que as principais manifestações ocorrem no Dia da Independência, pois seu eixo fundamental gira em torno da soberania nacional. O objetivo é transformar uma participação passiva, nas comemorações dessa data, em uma cidadania consciente e ativa por parte da população. 
E nada melhor que esse dia para refletir sobre a soberania nacional. É esse o eixo central do debate em torno do Grito. A proposta é trazer o povo das arquibancadas para a rua. Ao invés de um patriotismo passivo, que se limita a assistir ao desfile de armas, soldados e ao patriotismo da bandeira, que com a aproximação da Copa do Mundo de futebol todos lembram que são brasileiros penduram suas bandeiras, pintam suas caras e saem às ruas e se esquecem o que foram os 4 anos passados, inúmeras CPI’s que não levam a nada, milhões e milhões desviados por nossos governantes. Dinheiro esse, tirado da nossa população que já é carente de saúde, moradia, educação, alimentação, lazer, etc. E não fazem nada para que essa situação seja mudada. É nesse contexto que surge o Grito propondo um patriotismo ativo, disposto a não maquiar os problemas do país e debater seriamente seu destino.

Grito dos Excluídos - Rio de Janeiro


GRITO DE UM EXCLUÍDO
Salvador do Caculé

Há mais de 500 anos
que essa terra foi tomada
de sua legítima gente
por quem já era habitada
dizendo tê-la descoberto
Cabral aqui se apossou
e um povo que cá vivia
ele quase exterminou,
então começou o processo
e daí em diante se seguiu
e esse tal de progresso
quase que ao índio extinguiu
hoje, depois de 500 anos
tenho um embrólio na mão
uma dívida me foi repassada
sem que tenha visto um tostão,
gastaram por minha conta
antes mesmo de eu nascer
agora, os que estão lá na ponta
não me deixam nem comer,
tudo o que o país produz
vai para os juros pagar
não se investe no social
pois o orçamento não dá
sai governo e entra governo
pode ser PFL, PSDB ou PT
é tanto “P” que lhe digo
que eu já estou é muito “P”.

Eu exijo que o meu grito
Por alguém seja ouvido
Ele não é um grito de guerra
É o grito de um excluído.

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