domingo, 28 de agosto de 2011

Crônica: Móveis no Mar

Vi num programa de televisão que, entre as inúmeras melhorias necessárias para as Olimpíadas do Rio, está “a limpeza da Baía de Guanabara”. Dita a frase, a TV mostrou um sofá, encalhado num mangue: três lugares, revestimento acetinado, puxando pro lilás, com os assentos enlameados sendo disputados por dois urubus. Incrível.
Não pretendo, de forma alguma, desmerecer o Rio. Quando vi o presidente do COI tirando o cartão do envelope e dizendo Rrrio de Rrranêro, lágrimas cruzaram minhas bochechas, tão rápidas quanto, imagino, canoas e barcos à vela singrarão as águas da rediviva Cidade Maravilhosa, daqui cinco anos. A amplitude de meu desespero vai muito além das pequenas rixas regionais: como pode um ser humano, oh céus!, jogar um sofá no mar?
Todos nós já nos encontramos na rua, algum dia, com um papel de bala na mão, ou uma latinha de refrigerante, olhando em volta, em busca de uma lixeira. Muitos de nós, não encontrando nenhuma, já jogaram o papel no chão, colocaram a latinha num canto, ou ao lado de um saco de lixo – como se, durante a noite, por osmose, quem sabe, ela fosse parar do lado de dentro do plástico preto. Agora, até onde pude ver, as pessoas não andam por aí com sofás velhos nos ombros. Sequer com poltronas. Nem mesmo uma almofada costuma-se levar à rua. Para se atirar um móvel ao mar, portanto, é preciso não apenas má fé, mas esforço, engenho, planejamento e trabalho em equipe.
Imagino o sujeito, lá pela quarta-feira, ligando pros amigos: “Ô Gouveia, tudo bom? É o Túlio. Seguinte, tô precisando de uma forcinha aí, no sábado, pra jogar um sofá da ponte…”; “Maravilha, Valdeci! Então sábado à tarde cê traz a Kombi do teu cunhado e a gente resolve o problema”; “Fica tranqüilo, Murilão, depois a gente volta aqui e faz um churrasquinho!”.
Sábado à tarde, os amigos se reúnem. O Valdeci com a Kombi do cunhado, o Murilão e o Gouveia cheios de entusiasmo, o Túlio pondo as Brahmas pra gelar, enquanto sua mulher orienta os homens na sala: “cuidado com o batente”, “olha o abajur, o abajur, Gouveia!”
Os amigos amarram o sofá na caçamba da Kombi – é uma dessas Kombis caminhonete – e dirigem meia hora até a ponte mais próxima. Talvez, no caminho, façam um bolão: sofá bóia ou afunda? O Murilão diz que o fogão da prima afundou, semana passada. O Valdeci comenta que a geladeira da tia boiou, já faz o que, dois anos?
Chegam à ponte. Param no acostamento. Tiram o sofá da caçamba, contam um, dois, e lá vão os… Pronto, atiraram o sofá no mar. O sofá bóia. Os três o contemplam, sendo levado pela correnteza, naquele silêncio que só as verdadeiras amizades permitem. Túlio brinca: “saravá, Iemanjá!”. Depois vão comer churrasco. Incrível.

Por Antônio Prata

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Editorial

Uma bela noite um grupo de jovens dentro de uma proposta de trabalho acadêmico resolveram se juntar para buscar um es­paço na comunicação social onde pudessem expor o que pensavam. E eles não encon­traram o tão sonhado lugar longe das salas que prendiam seus pensamentos e ideias. E então descobriram que juntos eles tinham a força final para criar... 
Somos quem quer que seja. Um coletivo que busca divulgar conteúdos e informações de forma livre. Financiamo-nos, nos auto gerimos. Buscamos fontes e linguagens alternativas. Alternativa essa para fugirmos da mesmice que se encontra o grande jornalismo diário. 
Surgimos com uma proposta nova. Fazer algo totalmente colaborativo e sem a poluição com anúncios vazios e empresas sem ideais. Mais que uma boa idéia vaga no ar, usaremos a internet como o meio de propagação. 
É essa nossa ‘‘vibe’’, é esse o nosso sonho. Um mundo mais igual, condições mais justas de vida, espaço aberto e em igualdade para falarmos de assuntos nossos. Fazemos parte de um mundo virado e é ele que queremos mostrar. 
Enfim... Não somos melhores. Não somos piores. Somos um coletivo sozinho. Que busca apenas AUTONOMIA.
Iniciamos nossas operações botando ordem no caos e apresentando nossas ideias. Estamos chegando e buscando nosso espaço na concorrida, corrida web.